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Minha experiência no curso de Moda



Meu nome é Vanessa, sou bacharela em Moda pela UDESC e estou nos meus 30 anos de vida. Sempre fui inquieta, curiosa e gostei do belo, do novo. A inovação, a novidade, o por vir sempre foi meu combustível. O mundo da Moda me apaixonou aos 13 anos, quando numa matéria de jornal, desses de papel mesmo, vi o lançamento do curso de Moda. Ali tive a certeza de que era isso que eu queria fazer, mesmo sem saber direito do que se tratava. Desde criança gostei dos trabalhos manuais, tive sorte de ter tido pais e educadores que incentivassem essa minha característica e mesmo que eu não fosse uma artista potencial, aquela foi a minha forma de expressão por muito tempo. Aos 17, 18 anos quando temos que optar com um x na profissão “da nossa vida” eu tive muitas dúvidas, afinal era uma área nova, na verdade a formação acadêmica na área era algo novo (veja bem, estamos falando de 2003), a indústria têxtil em si já tem algumas boas décadas de história.


Moda vai muito além do “look do dia” ou do “Fashion Week”, do glamour e da costura. Percebo que essa visão distorcida pelas mídias sociais acaba equivocando muitas interpretações. A Moda tem um papel fundamental na História, no mundo como vivemos hoje, na vida de cada um. Pode ser romântico pensar dessa forma, mas foi por essa Moda que me apaixonei. A capacidade que uma indústria tem de transformar a sociedade pela arte e pela cultura. De expressar e ser expressão, de ditar e interpretar comportamentos, de prever o que será o amanhã. De ser responsável pelo produto que vai te vestir, te proteger, te significar, te dar mais confiança para viver o teu dia, que vai te vestir de autoestima. De ser a responsável pela fibra que deve ser plantada, pela cor que deve ser tingida, pela forma como deve ser tecida, cortada, costurada, pespontada, bordada, modelada. É uma cadeia imensa que envolve tanta gente, que poderia ser objeto de transformação de uma sociedade inteira. E eu ainda acredito nisso.


Mas mesmo assim, me decepcionei. Cheguei ao mercado de trabalho e me deparei com falta de apoio do governo, baixa infra-estrutura, mão-de-obra desvalorizada, trabalho exploratório... E não estou falando apenas daquela imagem que temos em algum país asiático numa fabriqueta duvidosa (aliás, não precisa ir até a Ásia para ver cenas assim) eu falo sobre toda uma cadeia desvalorizada, com salários baixos, jornadas imensas de trabalho e pilhas de responsabilidades, inclusive socioambientais. Bom, pra mim foi muito triste me deparar com essa realidade. Logo na primeira fase comecei um estágio e segui nessa mesma empresa por cerca de 5 anos, onde cheguei a ser gerente de produto e tive contato com muitas fábricas e fornecedores, passei pela crise de 2008, que foi bem mais que uma “marolinha” para a indústria têxtil brasileira, especialmente. Foi muito triste ver meu mundo da moda desabar bem na minha frente. Precisei de um tempo para rever tudo, fiz um intercâmbio entre universidades para a Itália (posso falar mais num próximo momento) e lá verifiquei que a mudança era global. Pensar na Itália, berço do Design, onde o setor coureiro se desenvolveu (meu grande amor sempre foi por sapatos e bolsas), tomado por “produtos chineses” foi no mínimo frustrante. Foi então que eu percebi que não adiantava querer que o mundo desse um stop e voltasse no tempo, era eu precisava de um upgrade, precisava ressignificar tudo aquilo que aprendi e encontrar novos rumos. Foquei na área de Fashion Business, fiz alguns cursos, li muito, busquei conteúdo por conta própria (internet tá aí para isso!). Quando entendi e percebi outras diretrizes, numa outra indústria de moda, atuei como gerente comercial, onde traçava estratégias de novos negócios e novas formas de consumo. Sim, Moda no comercial. Fui muito feliz nisso.


E muitas águas já rolaram desde então, já fiz muita coisa na Moda e fora dela, e ainda continuo sendo feliz. Atualmente a minha única ligação com o mundo da Moda é uma turma de seis alunas entre 6 e 10 anos, onde eu estimulo a criatividade delas através de trabalhos manuais, chamamos de Oficina de Moda. E, curiosamente, nunca tinha estado um lugar onde todo o meu aprendizado e ensinamento fizessem tanto sentido. Meu “ganha-pão” hoje em dia é num escritório de contabilidade, onde passo o dia envolvida no mundo das leis, da burocracia e de muitos papéis... E você deve pensar “que mudança brusca da Moda para a Contabilidade”, e eu te digo, sim... ou não! Meu perfil desassossegado adora essa mudança, esse conflito, esse desafio do tudo diferente. E tenho ainda infinitos projetos em mente para colocar em prática, e se são de Moda, Contabilidade ou o que quer que seja, prefiro apenas não limitar.


E o meu grande aprendizado dessa história toda até agora, é que o auto conhecimento é sempre o melhor caminho. Dúvidas sempre vão nos sondar, oportunidades sempre vão aparecer e indeliberadamente o mundo vai mudar, nós vamos mudar. E o que nos resta é nos adaptarmos às mudanças, entendendo a melhor forma que poderemos ser úteis e significativos para o novo. Quis contar meu primeiro momento com a escolha da minha profissão, aliás, quis contar o meu momento com a escolha da minha primeira profissão, porque acredito que terei muitas carreiras ainda, e esse é só um dos exemplos de mudanças que teremos que passar ao longo de nossas vidas. Não culpo a Moda e nem me arrependo do caminho que tomei, amei ter estudado Moda e conhecido todas as suas complexidades e facetas. Mas, principalmente, de ter me conhecido a ponto de saber que mudar é possível, que mudar é preciso, mas principalmente, saber o rumo da minha mudança. Vivemos numa era de transição e não tem problema se outra coisa aparecer no meio do caminho, toda experiência se soma e te transforma num profissional único. Todos têm algo a aprender, todos têm algo a ensinar. Nunca se subestime. A sua escolha no vestibular é importante, sim. Conheça-se, saiba o que te move, o que te motiva, o que te faz sair da cama todos os dias com vontade de viver, de querer mais. E se depois de uns anos e uns diplomas na parede você mudar de idéia, tudo bem! Conhecimento nunca é demais, dê importância as coisas certas para você que no final eu te garanto que vai dar tudo certo, o sol sempre nasce.



-- Depoimento de Vanessa Marconi (Bacharel em Moda na UDESC)

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