Eu não escolhi Medicina
- Tarsila Machado
- 18 de jan. de 2016
- 2 min de leitura

"Eu não escolhi Medicina. Medicina me escolheu." Esse é um daqueles clichês toscos que o pessoal usa no primeiro dia na faculdade quando os professores perguntam "porque Medicina?". Obviamente, não fui uma das que respondeu isso, mas acho que esse clichê resume bem o meu processo de escolha do curso.
Durante o ensino médio eu oscilava muito entre as três opções mais frequentes de escolha: direito, engenharia e Medicina. Mas foi no último ano, quando eu realmente tive que escolher, eu não me imaginei fazendo outra coisa no futuro. A indecisão era apenas aparente, eu já tinha certeza do curso que queria, mas era insegura. Sabia que tinha muita gente bem preparada, que a concorrência era absurda e não sabia se estava disposta a encarar cursinho pré-vestibular.
Morei sozinha desde os 15 anos (hoje tenho 18 e divido apartamento com uma amiga). Meus pais moram no interior, então tive que sair para estudar em colégios melhores no ensino médio. Eles nunca me pressionaram em nada, sempre foram abertos e me apoiaram em todos os vestibulares que eu fiz, o que me ajudou muito.
Dentre alguns que fiz no final do terceiro ano, consegui aprovação em uma universidade particular na Bahia e não cheguei a fazer cursinho. Consegui uma boa pontuação no ENEM, suficiente para passar na universidade federal em Direito, mas não suficiente para aprovação em Medicina. Fiquei na lista de espera mas acabou não dando.
Estou indo pro terceiro semestre/período na faculdade e todos os dias tenho mais certeza da escolha que fiz. Nunca pensei em mudar de curso, nem imaginei como seria fazer outra coisa.
Viver longe dos pais é o mais difícil no começo. Mas sair da zona de conforto é importante e necessário. Faz você se tornar independente e talvez um adulto mais bem sucedido.
Na faculdade, o que eu mais gosto, além dos professores, é a estrutura que ela oferece em relação à laboratórios e centros de simulação avançada. Os colegas são legais, mas ainda sinto falta dos meus amigos do colégio. Outra coisa bem legal da faculdade são as aulas práticas. No colégio ainda ficamos muito presos a teoria, então poder relacionar teoria e prática foi bem legal.
O primeiro ano de Medicina é basicamente composto pelos conteúdos: fisiologia, anatomia, patologia e biologia molecular. A minha faculdade tem um método diferente. A proposta deles é o método em espiral, onde nós sempre estamos revendo conteúdos passados, mas sempre abordados em diferentes ângulos e contextos, o que eu acho ótimo, porque além de solidificar o conteúdo, evita o esquecimento. Além disso, a universidade tem um contrato com atores profissionais. Nos centros de simulação, a cada semana, um aluno é o clínico e recebe o ator como paciente. Assim, a disciplina Prática Médica nos possibilita exercer a prática clínica e analisar a clínica dos nossos colegas desde o início e nos expõe a situações diferentes a cada semana.
-- Depoimento de Tarsila Machado (estudante de Medicina da UNIFACS)
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