Exatas x Humanas
- Camila Machado
- 1 de dez. de 2015
- 2 min de leitura

Meu famoso ano pré-vestibular foi um verdadeiro caos psicológico. Nem, ao menos, a área de estudo eu havia escolhido, apaixonada por matemática e filosofia, exatas e humanas. Não fazia ideia do curso que queria seguir, quanto mais da faculdade. Eu gostava de participar de tudo, das aulas de teatro, oficina de cinema, apresentações artísticas, às mais diversas olimpíadas científicas, de matemática, física, química ou história. Ter que escolher apenas um interesse, em detrimento de todos os outros, me abominava. Durante todo o ensino médio, eu fugi do dilema.
Muito parecida com a síndrome da cinderela - meninas à espera do príncipe encantado de cavalo branco, que não existe -, eu sofria uma espécie de síndrome da vocação. Passei os três anos de ensino médio à espera de uma conexão quase mística com alguma profissão. Queria encontrar o que eu nasci para fazer. Mas isso também não existe.
Tudo o que consegui foi perder algumas manhãs de aula, chorando, na sala da psicóloga da escola, e noites sem dormir, viciada em testes de personalidade na internet. Além de enlouquecer meus pais e amigos. Quando percebi o que precisava fazer não havia mais tempo. Então, tomei a decisão “genial” de abandonar o dilema, para o estresse não interferir nos meus estudos. Consegui um ótimo resultado no ENEM, mas chegou o dia do Sisu e ainda não sabia para que usar minha nota.
Não escolhi meu curso como uma decisão ativa, protagonista, com um objetivo claro. Entre minhas opções, foi o menos pior, e não o melhor. A diferença é sutil, está na sua maneira de pensar e, em consequência, agir. Escolher o melhor é saber plenamente como o curso vai lhe ajudar em seus objetivos. E eu sabia muito pouco sobre o que poderia alcançar com ele, ou minhas oportunidades lá dentro. Resultado: você faz muito menos do que poderia.
Gostar de tudo, não gostar de nada, não saber do que gosta, são todas versões do mesmo problema.
...
Até perceber que a escolha profissional, começando com a faculdade, é um processo de lapidação. Não é imediato, nem conclusivo, muito menos acertado. A primeira escolha, é isso, apenas a primeira. O segredo está em escolher pelos motivos certos. Quanto mais clara for uma decisão, e quanto mais pensadas as razões por traz da mesma, (maiores são as chances de acertar) e mais se aprende com a experiência.
Construir uma carreira é um processo lento e de autoconhecimento. O famoso “você só vai descobrir o que gosta experimentando”, ou “você não preciso acertar de primeira” é verdade, mas não significa que você deva tentar qualquer coisa. Então façam uma escolha consciente, mas sabendo que nada é conclusivo, principalmente quando se tem 18 anos. Confuso? Então estamos no mesmo barco! Quando eu descobrir uma solução para esse dilema te conto hahahah
- Depoimento de Camila Machado (aluna de Engenharia Elétrica da UFCG)
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