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Uma palavra sobre a concorrência


Sim, eu tinha muito medo de concorrência. Imagina, são milhares de pessoas que aparentam saber muito mais do que você, segurando todas aquelas apostilas e dizendo que fizeram 1001 simulados. Chegar nos portões de entrada: primeiro grande desespero. Toda aquela galera com camiseta de cursinho, revisando fórmulas, tentando adivinhar o tema da redação. Nossa! Como eu odiava isso! Dava para sentir de longe o cheiro da concorrência. E eu, claro, entrava em pânico.


No segundo ano do colégio, quando decidi tentar Medicina, desatei a chorar no portão de entrada. Sim, não esperei nem ver a bendita prova. ERA GENTE DEMAIS! Não importava se eu era treineiro, quando eu vi aquela multidão eu sabia que nunca iria me acostumar. Quando 3 mil pessoas entram em um mesmo portão, com um mesmo objetivo, com o mesmo espírito mata-mata, você se sente a formiga no meio dos elefantes.


Nesse dia de pânico eu ainda consegui entrar e por a caneta no papel. Mas mal sabia eu, inocente vestibulando de primeira viagem, que a pior parte ainda estava por vir: o pós-prova. Depois de sobreviver a multidão e a 4h de prova, nada como ir para a saída e ouvir um sonoro "Estava fácil! Aquela questão de trigonometria era B, né?" E o famoso "Gostei muito da redação, falei de Zygmund Baumann". COMO ASSIM??? Porque, querido, na minha cabeça só quem ganha em dia de vestibular é o tiozinho vendendo caneta por R$10 reais. Será que eu era a única pessoa com estômago embrulhado querendo chegar em casa, pegar um pote de sorvete e colocar o CD da Adele?? Nossa, como eu odiava a concorrência. Você entra como formiga, sai como carrapato.


O problema é que todos os 8 vestibulares que eu prestei ao longo do ensino médio foram assim. O outro problema é que as aprovações vieram. Perfeito, certo? NÃO! Alguma coisa estava muito errada! Onde estavam aquelas pessoas que tinham ido tão bem? Onde estava a galera que ia fazer vestibular com aquela vexatória camisa "Aprovado em tal, tal, tal faculdade, sua vaga é minha"? Para onde tinham ido os elefantes?


Foi então que descobri o segredo dessa concorrência enganosa. Ela não existe. Virão aqueles "Nossa! Quanto blá blá blá sem sentido! Então por que eu não passei no vestibular??". Calma, respire, sente na sua cadeira que logo me explico.


O que acontece é que não existe a concorrência da forma que a moldamos, como aquele ser monstruoso que nos persegue no portão de entrada. E por que você, querido leitor, pensa assim? Porque te ensinaram desde pequeno a olhar a lista vaga-inscritos de forma errada. Não me diga que você nunca pensou "Nossa, são 5 mil concorrentes para 40 vagas... concorrência de 125 por vaga... então eu tenho que derrubar 124 pessoas". PARA! PARA! PARA! Isso está errado! Você não tem que derrubar 124 pessoas! Você nem sabe quantos inscritos tem o mesmo potencial que você! Sabe o que na verdade significa 124? Um número de 3 dígitos. Sua concorrência com certeza não é.


Respirou? Absorveu? Agora deixa eu te ensinar uma nova forma de ver a lista: "Nossa, tem 40 vagas, ainda bem, eu só preciso de uma vaga mesmo. Será que no meu meio eu sou um dos 40 melhores?" Pronto, para ai. Esqueça todo o resto, esqueça toda aquela multidão, foque em VOCÊ. São 40 vagas e você só precisa de uma, só uma. Vem ai a frase que me inspirou em toda a época de vestibular: "Mesmo se as chances forem de uma em um milhão, lembre-se: você só precisa de uma!". E deixa eu te contar um último segredo que eu aprendi ao longo dos anos... essa vaga, meu amigo, já é sua.


- Maria Eduarda Santana (estudante de Engenharia Elétrica na Poli-USP)


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