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Eu, politécnico



Olá! Sou o Andrei, tenho 19 anos e estou cursando o segundo semestre de Engenharia Elétrica na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Vou contar a história desde meu terceiro ano de ensino médio até o ingresso na USP.


Tudo começou quando me mudei do Rio de Janeiro para o interior de São Paulo, Pirassununga. Meu sonho era passar em Engenharia Mecatrônica (desde o primeiro ano do ensino médio), mas não sabia em qual universidade. Por estar estudando no estado de São Paulo, percebi que o colégio instruía os alunos mais para as universidades paulistas como UNESP, UNICAMP e USP. No meio do ano, participei de uma viagem escolar para a famosa Poli, escola de engenharias. A partir daí, estava resolvido o que eu queria prestar no vestibular. O campus, os departamentos, o ar de ciência, entre muitas outras coisas, me encantaram de tal forma que eu não queria saber de outra universidade. Era Engenharia Mecatrônica, tinha certeza disso! À medida que foi chegando a data da prova da FUVEST, a ansiedade e o nervosismo foram aumentando. Apesar das minhas notas, nos simulados, estarem no limite que eu precisava eu me sentia muito confiante para a prova. Mas como a vida não é simples, faltaram três pontos para passar da primeira fase. Cheguei a passar na UNICAMP para Engenharia de Controle e Automação e na UNB (Universidade Federal Brasília) para Física, mas resolvi fazer um ano de cursinho. Isso não me abalou em nenhum momento, a ideia de estudar por mais um ano já era bem recebida pois eu gostava (e gosto) de pegar livros e estudar por conta própria.


Tudo bem, como comentei, durante meu terceiro ano eu só queria Engenharia Mecatrônica na Poli. Mas as coisas mudam com o tempo e de acordo com as situações. Foi o que aconteceu comigo depois de um ano no cursinho. Conforme o dia da prova ia chegando eu, gradualmente, ficava, ao contrário do terceiro ano, com menos vontade de passar pelo vestibular e estudar numa universidade. Eu lembrava de todas as coisas que poderiam cair na prova e fazia mais de dez resumos por semana sobre as matérias. Quando pensava em descansar começava a me dar um desespero pois ainda faltava muita coisa para estudar e que não daria tempo, aquilo consumia meu ânimo. Sempre que eu ficava com vontade zero para estudar eu largava tudo o que tinha que fazer e ia praticar um hobby, andar de bicicleta na terra, assistir filmes e jogar videogame. Mas para não desfocar dos estudos, eu sempre conversava com um professor que era mais próximo de mim e pedia conselhos e apoio moral para continuar na batalha e isso foi essencial para me manter estudando e calmo.


Enfim, ao longo desse turbulento ano eu decidi que em qualquer universidade que eu passasse, mesmo se não fosse a tão querida Poli, eu iria sem mágoas. E como já estava cansado do ritmo pré-universitário eu já não pegava muito pesado comigo mesmo, pensava “Passei, passei... não passei, paciência”. Fiz as duas fases da FUVEST e aproveite as férias como jamais tinha feito, até receber a lista dos convocados: Andrei Ferreira convocado – Engenharia Elétrica POLI-USP. Sim, foi dessa forma a minha reação externa ao ver meu nome na lista, sem reações... É claro que, por dentro, eu estava explodindo de alegria e satisfação, como se um caminhão de preocupações estivesse se esvaziado das minhas costas.


Um momento inesquecível foi ver o meu nome escrito logo na primeira chamada da USP. Não é inesquecível pelas emoções que eu tive na hora depois de “cair a ficha”, mas, sim, pela inesperada sensação de que aquilo não era tão grande como eu esperava que fosse. Lembro que meus professores e amigos faziam do vestibular o objetivo máximo que uma pessoa poderia ter. Mas eu não tinha conhecimento dessa ideia que passavam para nós. A gravidade desse fato “tenho que passar na universidade esse ano, não importa o que aconteça” que é imposta, diariamente, sobre os alunos não incentiva a inovação, a criatividade, o gosto pela ciência pura e aplicada, a busca por descobertas e o pensamento pró-ativo. É como se a meta da pessoa fosse simplesmente passar na prova e só. Logo, ao ver meu nome na lista, a única sensação que tive naquele instante foi a de missão cumprida, como se não houvesse mais o que fazer, pois parecia que tudo já tinha sido realizado.


Mesmo estranhando essa sensação, comecei as preparações para o ingresso. Como estava vivendo no interior, tive que me mudar para a grande São Paulo. Moradia nova, ruas novas, lojas novas, pessoas novas, um novo ritmo. Assim que me adaptei ao lugar e ao cotidiano notei que morar longe de casa, principalmente em cidades grandes e bem movimentadas, não é tudo o que dizem nas redes televisivas e jornais (é bem melhor). Devem-se apenas mudar os hábitos para evitar contrapesos na sua nova vida em um cidade diferente.


Vamos lá, primeira semana de Poli! Quando cheguei ao local combinado, muitos pais e estudantes (como eu) com a mesma cara de “maravilhados com a grandiosidade da Escola Politécnica”. Senti uma certa familiaridade com meu ensino médio pois havia “tipos” de pessoas da mesma forma como havia no segundo grau, os mais “nerds”, os que nunca prestavam atenção, os bagunceiros, os mais cômicos... Mas tudo bem, primeiros professores! Achei impressionante a dedicação e eficiência dos professores em primeira instância. Os departamentos bem amplos e as bibliotecas (incríveis) gigantes, com um infinidade de obras.


Lembram que meu desejo era Engenharia Mecatrônica? Mas eu passei em Engenharia Elétrica (segunda opção)!? Bom, já dizia meu professor que eu não iria me arrepender desta opção, mesmo não sendo a que eu desejava de início. Dito e feito, nem penso em transferência de curso pois não quero sair da Engenharia Elétrica, melhor coisa que poderia ter acontecido, parece que é de propósito.


Logo depois de conhecer tudo e todos (quase todos, muita gente) eu fui entendendo um pouco melhor a realidade lá dentro, e isso me decepcionou demais. Lembro muito bem de amigos que estudaram, até mais do que eu, mas que não conseguiram passar na Poli e que fariam de tudo para ingressar nesta universidade tão renomada. Frente a isso, eu via (e vejo) colegas de classe na Poli que nem sequer iam nas aulas, que conversavam muito durante uma explicação, que não estudavam, que desrespeitavam a ética durante os exames (sim, isso mesmo que está pensando). Eu esperava entrar na Poli e ver apenas pessoas, como nos filmes, que só falassem de ciência e artigos científicos, de descobertas e inovações etc. Mas tudo o que eu ouvia era o quão difícil era passar em Cálculo I, Física I (esperava que falassem, no mínimo, que aprenderíamos essas disciplinas difíceis, note a diferença). Como se não bastasse, alguns professores nem ligaram para esse comportamento, chegavam super atrasados nas aulas e as vezes não davam aulas, mas liam slides apenas.


Para finalizar, um pouco das infinitas possibilidades dentro do meio acadêmico. A ideia de academia não é à toa. Temos vários cursos de idiomas nos departamentos, uma espécie de clube com diversos esportes esperando por você (inclusive natação, piscina!) de uso “gratuito” (os impostos não são de graça). Temos também dezenas de bibliotecas riquíssimas em obras e estrutura, ônibus circulares “gratuitos”, restaurantes universitários ótimos por apenas 1,90 a refeição, entre muitas outras coisas boas e legais. Há centenas, senão milhares, de professores doutores pesquisadores, ou seja, professores que além das aulas, podem te auxiliar em um estudo específico (pesquisa) para desenvolver ou aprofundar nos estudos. Há muitos laboratórios para experienciar a verdadeira ciência! Há, também, os grupos de extensão, digo, grupo de alunos de todos os anos que desenvolvem e participam de atividades externas à Poli, de competição, demonstração de trabalhos etc. Sem falar dos programas de intercâmbio e das semanas temáticas (semana de engenharia, semana de recrutamento de estudantes, semana de tecnolgia.


-- Depoimento de Andrei Furlan (atual aluno de Engenharia Elétrica na Escola Politécnica da USP)


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