Medicina ou vender arte na praia?
Então, acho que devo começar dizendo que meu ensino foi meio conturbado, embora tenha estudado na melhor escola do meu estado (Bahia), meu ensino fundamental foi totalmente levado nas coxas. Fiquei em recuperação na quinta e sétima séries e fui reprovado no primeiro ano do ensino médio, tamo junto quem já perdeu de ano xD.
Após esse pequeno empecilho, tomei um rumo na vida. Aproveitei o apoio enorme que meus pais e o colégio ofereceram e passei a focar nos estudos. Refiz meu primeiro ano, isso mesmo, refiz. Minhas atitudes em sala eram outras, prestei atenção em tudo que os professores falavam, passei a estudar em casa. Como consequência, minhas notas e, mais importante ainda, meu conhecimento aumentou. No segundo ano continuei minha jornada de estudos, sempre focado durante as aulas e absorvendo conteúdo que era relembrado enquanto estudava em casa.
No terceiro ano... chegou o tsunami! Assuntos dados ao longo de um ano eram relembrados em poucas semanas. Foi no terceiro ano que percebi: cada pessoa deve ter seu jeito de estudar. Alguns conseguem ler por horas a fio sem se cansar, outros fazem resumos para absorver melhor o conteúdo, outros fazem estudos com pausas. O importante é achar qual tipo de estudo combina com você, não tente imitar sua colega que estuda 6 horas seguidas e tira notas boas, o método de estudo que ela utiliza, é bom pra ela, talvez não para você. E, acima de tudo, tenha algum hobby. Um tempo livre é essencial para aumentar seu rendimento nos estudos.
Agora vou falar um pouco da parte mais complicada do terceiro ano. Não, não é o estudo e não é estar preparado ou não. A parte complicada é controlar as emoções. Como ficar tranquilo sabendo que todo tempo e esforço que você empenhou nos últimos anos vai se provar válido ou não em duas míseras tardes de ENEM? Como viver sabendo que, se você cometer um deslize, terá que esperar mais um ano pra tentar tudo de novo?
Bem, essa parte é complicada. Entretanto, como tudo na vida, existe solução! Primeiro você deve parar de pensar que “você perderá um ano se não conseguir”. Quando eu refiz meu primeiro ano, não tive o sentimento de perda. Eu sinceramente ganhei mais ano, ganhei conhecimento que não tinha antes, aprendi que tinha que mudar de perfil e tudo isso foi necessário para chegar onde estou. Da mesma forma, se eu não passasse no vestibular, seria mais um ano para aprender coisas para chegar em algum lugar. Entenda, vestibular não é "se você passar" e sim "quando você passar".
Em segundo lugar, você deve fazer o seu melhor sempre. Foi desse jeito que eu me livrei da angústia de pensar não ter feito suficiente. Faça o seu melhor que o resto se ajeita!
Pronto. Agora você passou onde você queria! Parabéns!! Sabe o quê te espera? Não? Eu também não sabia. Minha primeira semana na universidade foi um baque. Sempre acostumado a ter colegas com opiniões, crenças e atitudes iguais as minhas, na universidade tudo mudou. “Diversidade” agora é a palavra-chave. Porém, apesar da diferença do colégio, aprendi que esse convívio com o diferente te faz crescer. Assim, passado pouco menos de um ano dentro da faculdade, consigo ver um mundo diferente, com mais escolhas desafiadoras a se fazer.
A rotina na universidade também é totalmente diferente. Horários de aula "quebrados" são comuns, e isso faz você passar as vezes o dia todo na universidade para ter poucas aulas. Quanto aos estudos... Se você é vestibulando e está achando que estuda muito... Senta e chora hahahah. Os assuntos são densos, longos, difíceis, e vários outros adjetivos que torna estudá-los maçantes. Mesmo que você adore o assunto, em algum momento você vai pensar em desistir e ir vender sua arte na praia.
Fora isso... Universidade é tudo de bom, lugar para fazer amigos para vida toda, curtir, sair sexta-feira da aula e ir direto tomar uma (ou não, se tiver prova na segunda). No fim, o importante é aproveitar cada momento do caminho.
-- Depoimento de João Pedro Leite - (estudante de Medicina da UFBA)
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